Esta semana, ocorreram-me duas situações em que fui chamado irmão.
Na primeira, passei por uma esquina, onde fui abordado por um cidadão que parecia pedir esmolas e dizia: "Irmão, irmão, posso falar um pouco?". Nessa hora, a pressa e a experiência de vida falaram mais alto, pois conheço situações em que pessoas são assaltadas por gente que se passa por por pedinte, portanto não posso arriscar meu bem estar.
Na segunda situação, durante um exame, uma pessoa, após cumprimentar-me, conversou um pouco, desejou sucesso e disse: "Deus te abençoe nessa prova, irmão!". Até aqui, tudo bem, ele parecia um sujeito honesto, bem educado e dizia palavras que a maioria das pessoas gostam de ouvir. No entanto, percebi que depois do 'abençoe', ele apresentava uma expressão facial de curiosidade, esperando uma réplica tão religiosa quanto a sua expressão verbal. Respondi, na minha quase sempre tranqüila maneira de dizer, "Muito obrigado, amém!". Como tenho o costume de examinar com bastante atenção o comportamento das pessoas com quem convivo, observei que essa pessoa mantinha o seu cenho e não abriu um sorriso ao ouvir a tão comum resposta "muito obrigado", mas o fez ao ouvir o "amém". Foi clara a importância que essa pessoa dava a atitudes religiosas, entre outras partes da conversa que me fizeram perceber isso.
Em ambos os casos em que me chamaram irmão, eu comecei a pensar se devia ou não dizer que eu não me considerava irmãos, e que eu preferia não ser chamado irmão e vou explicar meus motivos. Decidi que não.
Eu sei muito bem que no mundo ocidental, civilização greco-romana, é comum as pessoas se referirem umas as outras como irmãs, mesmo sem ser irmãs biológicas. Essas pessoas seguem as escrituras bíblicas, nas quais está escrito que todos são filhos de Deus. Como são filhos do mesmo ser, podem ser chamados irmãos.
Entretanto, o direito de cada um termina onde começam os direitos dos outros. Assim como quando um não quer, dois não brigam, ou quando um não quer, dois não casam, funciona a lógica de considerar ou não os outros irmãos. Se o deus de um fala que todos são irmãos, o deus do outro pode falar que irmãos são só os biológicos. A partir da premissa do conceito da palavra irmão, filhos do mesmo pai, ou da mesma mãe, filhos de um mesmo pai ou de uma mesma mãe serão sempre irmãos biológicos, é fato. Chamar de irmã uma pessoa que não é sua irmã biológica sem saber se o deus dela diz se você é ou não irmão dela é um desrespeito à religião dessa pessoa.
Em suma, considerar qualquer pessoa um irmão ou irmã é um direito de qualquer um, mas chamá-la de irmã ou irmão, depende do parentesco biológico ou da crença dessa pessoa.
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